40 anos de carreira - Luís Louro
O ano de 2025 assinala os 40 anos de carreira de Luís Louro, enquanto autor de Banda Desenhada (BD), ilustrador e fotógrafo.
Ao longo de quatro décadas de trabalho intenso e dedicado, caraterizado por um estilo visual único, o autor cria e oferece toda uma obra profundamente enraizada nas questões sociais, culturais e políticas, desafiando-nos a ver além do óbvio e estimulando o pensamento critico, através da imagem, do humor e da fantasia.
Obras icónicas como Jim del Mónaco e O Corvo, ou mais recentemente, Sentinel (premiada como Melhor Obra de Autor Português no Festival Amadora de Banda Desenhada em 2020) abordam temas da nossa sociedade, cuja atualidade é permanente, tais como o poder, a burocracia, o consumo ou a marginalidade, conduzindo o leitor por uma estrada de narrativas que têm tanto de visuais como de simbólicas, provocando-o, inspirando-o, mas acima de tudo, desafiando-o a refletir.
É esta dança magistral, entre uma genial expressão da cor e grafismo, num equilíbrio perfeito entre o texto e a imagem, naquilo que ele próprio apelida de “Estilo Luís Louro”, que o tornam um autor absolutamente incontornável na formação estética e visual de várias gerações de leitores de Banda Desenhada no nosso país.
A capacidade única do autor de colocar em diálogo conceitos como a arte, a cultura, a ética e a cidadania, enquanto autor galardoado de BD, está igualmente bem patente quando fotografa as gentes ou as culturas, sempre sob um olhar atento e critico, sensível e humanista, que nos leva a ver com absoluta clareza a realidade que a sua lente captura, como acontece no seu livro Safari em Cantos de África.
O legado que a obra de Luís Louro encerra vai, pois, muito além de uma profusa, notável e brilhante produção artística, ao longo de umas impressionantes quatro décadas, nos campos da Banda Desenhada, da ilustração e da fotografia, transcendendo largamente o mero entretenimento e constituindo-se, assim, como testemunho visual do imaginário contemporâneo português.
Luís continua e, assim o desejo, continuará por muito mais anos a criar, com a sua originalidade estética ímpar, de modo inovador e audacioso, aplicando a si mesmo e à sua arte o espírito critico que toda a sua obra encerra, exaltando essa capacidade única que o ser humano tem de pensar por si mesmo e de se desafiar, num processo de evolução permanente e continuo, inspirando novas gerações de autores a criar, a aprender, a inovar.
A sua obra tem por tudo isto, também, uma tão relevante componente educativa.
